Ser bonita num dia de chuva
Ela sai de casa como se fosse ganhar o mundo: calça trendy, blusa escura mas sensual, daquelas que mostra o colo e onde se adivinham os sinais todos, umas sabrinas prateadas que se voltaram a usar. A maquilhagem, simples mas cuidada, como sempre, e o cabelo solto e desprendido de qualquer secador, laca ou "pshttt". Está com pressa porque tem de chegar em 10 minutos ao escritório e o trânsito está para lá dos 20. Mas é uma mulher prática, porque afinal vai ter de ganhar o mundo mais um dia e mais outro e todos os dias o tem de ganhar, e está preparada para vencer quaisquer dificuldades. Mesmo a maldita chuva que lhe humedece o cabelo e a faz sentir como naqueles anúncios dos shampoos para tirar o volume, os sapatos que a traem e patinam no piso molhado e mesmo quase cair e tanta gente a observá-la à espera que caia para poder amparar, coitada, esses sapatos não são muito bons para a chuva, e com o rímel já meio esborratado. E já sem vontade de ganhar o mundo - ninguém ganha o mundo quando parece a Gata Borralheira dos negócios de fato e gravata e tailler da Zara. Afinal, este mundo já foi ganho - por alguma gaja iritantemente deslumbrante que está esticada numa cadeira em cima do mar e a torrar ao sol, a refrescar-se com os salpicos das ondas que partem ao bater na areia e a beber um Martini baby e a ler a Vogue - essa é que ganhou o mundo.
1 Comments:
Oh Rod, e se fosses pentear macacos?
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