"Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável."

É um pouco assim que ela se sente tantas vezes. Sem destino, num caminho sem saída - supondo que os há. Dizem-lhe que não é nada disso, que está é a encontrar-se. Valha-me Deus, onde se terá metido para estar assim tão bem escondida que ninguém a encontra?!... Nem ela mesma.

Aos seus amigos e todos que a rodeiam--pediu-me que lhes dissesse que anda irascível, insuportável, amarga, irritadiça. Sabe exactamente quando as palavras lhe saem bruscas, sem vontade de dó, quando sopra a paciência que já é pouca, por um tudo-nada, quando não consegue disfarçar a má disposição que rapta os seus dias ou quando responde torto a uma pergunta direita. E que tantas vezes sente que ao espetar tantos espinhos, tudo se torna mais difícil e a sensação de perda é cada vez maior... E o destino....

Disse-lhe que o melhor remédio nessas alturas é estar mais tempo só, e se não receberem notícias dela nos próximos dias não estranhem, é apenas uma reclamação de espaço próprio - e útil. É como um dia alguém me disse: recebes aquilo que dás, e neste momento ela não é lá grande coisa na segunda parte!... Vou tentar arranjar-lhe uma vela maior para que consiga remar a favor do vento... esperem por ela. Ela volta. Volta sempre.