Como é que alguém com o mínimo de cultura, sensibilidade social, intelecto, poderá pensar sequer em colocar uma cruz ao lado do nome dessa ave rara que é o Sr. Silva.
Estou cada vez mais perto de ter, pela primeira vez, um presidente de direita, o que já é muito mau, para começar. Mas, se calhar podíamos fazer as coisas mais paulatinamente.
Podíamos começar com um Pacheco Pereira, depois um Freitas do Amaral, etc... até chegarmos ao MAU DEMAIS PARA SER VERDADE.
Agora... não era preciso passar radicalmente para um presidente inculto, insensível, imbecil, teórico, incapaz, ridículo, limitadíssimo, sem conversa para o que quer que seja.
O Estados Unidos, por exemplo, fizeram as coisas de uma forma faseada, foram introduzindo devagar as avestruzes, até que chegaram ao tal MAU DEMAIS PARA SER VERDADE, o Sr. Búxe.
O problema aqui é que, se o Sr. Boliquei-me for eleito, vamos ficar sem margem para poder eleger alguém pior, no mandato seguinte. Vai ser um desafio quase impossível. Espera aí... a não ser que o Alberto João Jardim se candidate. Mas não acredito muito.
Estou triste. Tenho amigos e familiares pensantes, conversadores, interessantes, que vão votar neste marciano (só pode ser, e ainda por cima é o ser humano mais verde que alguma vez existiu), que resolveram classificar como D. Sebastião. Mas porquê?
Será que já ninguém pensa por si?
Se perguntarmos a alguém porque é que vai votar neste senhor, a resposta é imediata e extremamente esclarecedora - "Porque é o único que pode dar a volta a isto."
Mas porque é que diz isso? - "Porque tem provas dadas."
Onde e em quê? - "Ele fez muitas coisas boas."
Quais? - "Fez mais que os outros."
Mas quais coisas? - "Os outros não fizeram nada."
Sim, mas quais são essas coisas? - "Vai dizer-me que os outros candidatos são melhores?"
E porque é que não serão? - "Olhe, o Soares é arrogante, o Alegre é tontinho, o Jerónimo 'tá sempre a falar da mesma coisa, o Garcia é perigoso e o Loução é um invertido."
Mas o que é que isso nos diz em termos de política? - "Oh! não me chateie! Você é um tendencioso. Eu não tenho que lhe dar satisfações."
E como se isto não bastasse, quando se pergunta qualquer coisa a este brilhante candidato, o resultado é este:
Prof. Silva, o que é que acha desta medida? - "Bem, como sabe, eu sou candidato à Presidência da República. E esse estatuto não me permite responder à sua pergunta. O que você quer é que eu responda à sua pergunta."
Sim, na verdade, era isso que eu gostaria. - "Pois, eu sei. Eu não posso dar uma opinião (até porque não tenho opiniões sobre nada) porque ia perder os votos dos que não concordassem comigo.
"Hmmmm, então como é que os portugueses podem saber se o voto em si é um voto coerente? - "Porque eu sou a resposta aos problemas do País."
Mas porque é que diz isso? - "Porque tenho provas dadas."
Onde e em quê? - "Eu fiz muitas coisas boas, tenho obra."
Quais? - "Fiz mais que os outros."
Mas quais coisas? - "Os outros não fizeram nada. Olhe, eu não tenho que lhe dar satisfações. Não me chateie, seu tendencioso. Oops... desculpe, não quis dizer isto. Eu não o acho tendencioso. Pode votar em mim à vontade, que eu estou do seu lado... qual é mesmo o seu lado?"
Enfim, já não sei o que fazer.
Só sei que quem tem o mínimo de cultura, inteligência, conversa, nunca poderia sequer pensar em votar neste senhor.
Mas o meu país está muito mal. Infelizmente, ninguém se indigna.
Eu indigno-me, mas se calhar faço pouco, admito.
E penetencio-me por isso.
Desculpem-me, vou tentar fazer mais.
XK